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EDITORIAL: O ensino médico na UTI

É muito preocupante a qualidade dos profissionais que as faculdades de medicina estão colocando no mercado todos os anos. É o que mostra reportagem publicada pelo Diário da Região na edição de hoje com base em resultados do exame aplicado pelo Conselho Regional de Medicina (Cremesp) em estudantes de 30 instituições do Estado de São Paulo. Dos 2.677 alunos de sexto ano submetidos ao teste, 1.511 não conseguiram acertar o mínimo esperado, ou seja, 72 das 120 questões da prova realizada em outubro passado.

Alguns dados em especial escancaram a fragilidade do ensino paulista – e se é assim em São Paulo, dá para imaginar o cenário no restante do País. De acordo com o teste do Cremesp, 80% dos alunos avaliados não souberam nem interpretar um exame de radiografia; 76% não souberam indicar medicação associada ao ganho de peso; 75% não souberam responder quais seriam as características de um paciente com deficiência respiratória nem qual a conduta a ser seguida; 70% não souberam diagnosticar tuberculose por meio de exame físico do paciente, além de fracassar em uma questão que pedia para o futuro médico indicar o procedimento adequado para um paciente em crise de hipertensão.

Profissionais ouvidos pela reportagem dizem que falta docente qualificado com mestrado e doutorado. Consideram como uma das necessidades a promoção de melhorias nos métodos de ensino, além de se adotar mais rigor em seus sistemas de avaliação. Os resultados, no entanto, só poderão aparecer se o governo também for mais rigoroso nos processos de autorização para funcionamento de novas instituições e no fechamento de cursos com baixo desempenho. Inclusive com a grandeza de não desqualificar estudos como o do Cremesp, que não impede entidades de diplomar seus formandos, mas é uma referência importante e pode muito bem funcionar como certificado de excelência.

Desde 2005 até o ano passado, o Brasil ganhou 126 novos cursos, sendo 72 privados e 54 públicos. O Brasil reúne 272 escolas médicas. Dezenas dessas instituições nem sequer firmaram parcerias com instituições hospitalares, os hospitais-escola, imprescindíveis para que o aluno possa ter contato regular e mais direto com os pacientes.

Por fim, é relevante destacar que felizmente, nem tudo é um caos. Existem as honrosas exceções, que deveriam servir de modelo a ser seguido: a situação é oposta na região, com o desempenho positivo dos alunos formados na Famerp, de Rio Preto, e na Fipa (Fameca), de Catanduva, que estão entre as escolas com 60% ou mais de índice de acerto dos seus alunos.

 Fonte: DIÁRIO DA REGIÃO ONLINE – SÃO JOSÉ DO RIO PRETO